12 de julho de 2017

Quase 40% dos brasileiros não sabem seu tipo de sangue, aponta pesquisa

Danilo Verpa/Folhapress
A, B, O ou AB? Quase 40% dos brasileiros não sabem responder essa questão, aponta pesquisa recente feita pelo Datafolha.

“A gente fica falando ‘vamos doar sangue!’, mas uma parcela significativa da população nem sabe seu tipo sanguíneo. Olha a distância que existe até a ação. Já sabíamos que o brasileiro não tem a cultura de doar sangue e, agora, sabemos também que ele não tem esse conhecimento”, diz Debi Aronis, fundadora do Movimento Eu Dou Sangue –que encomendou a pesquisa.

Os números, porém, podem ser piores, segundo ela. “Esse é o percentual de pessoas que admitiram não saber. Muitas têm vergonha de dizer que não conhecem seu próprio tipo sanguíneo.”

De acordo com a pesquisa, o desconhecimento diminui conforme aumenta o grau de instrução –só 20% entre os mais instruídos não sabem seu tipo sanguíneo, ante 50% entre os menos instruídos– e a renda familiar mensal do entrevistado (20% entre os mais ricos ante 47% entre os mais pobres). Mais mulheres sabem esse dado do que os homens.

“Essa informação é dada quando o bebê nasce, mas depois pode acabar se perdendo. Mais tarde existe a possibilidade de ser oferecida novamente na doação de sangue, só que poucos doam. Esse desconhecimento reflete a realidade do nosso país”, diz Roberta Fachini, vice-diretora médica do Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês,

Editoria de Arte/Folhapress

Nos últimos 12 meses, 8% dos brasileiros adultos declararam ter doado sangue, segundo a enquete, mas, novamente, a taxa pode estar superestimada devido a um constrangimento em responder de forma negativa.

Segundo o Ministério da Saúde, só 2% da população brasileira doa sangue, e aqui a coisa se inverte: mais homens doam sangue do que as mulheres.

Na França esse índice é de 10%; em Israel, chega a 12%. “Países que têm história recente de catástrofes, ataques terroristas e guerras estão mais atentos para a importância da doação. Apesar de vivermos uma guerra urbana no Brasil e termos um número alto de acidentes de trânsito, as pessoas não estão sensibilizadas para incluir a doação em seus hábitos”, afirma ela.

No Sírio, por exemplo, 80% dos doadores são de repetição –ou seja, quem doa sangue doa sempre ou quase sempre. “O desafio é sensibilizar toda a população saudável que nunca doou e convencê-la de que esse é um ato de solidariedade seguro e rápido”, diz Fachini.

Para doar, é preciso ter de 18 a 65 anos (maiores de 16 podem doar acompanhadas de responsável), ter mais de 50 kg e estar em boas condições de saúde.

Fonte: Folha de SP

Daucyana Castro