2 de abril de 2024

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, famílias comemoram desenvolvimento dos filhos com acompanhamento adequado no Centro TEA 12+

“Hoje, o Isaac já diz que ama, já abraça, já dá a mão, já conversa com a gente. Antes a gente não tinha isso dele”. O que para muitas pessoas são apenas situações corriqueiras representa uma grande transformação na família de Maria Goreth Villanova, mãe de Isaac Villanova, adolescente de 17 anos atendido no Centro TEA 12+, inaugurado pelo Governo do Maranhão em 2023. E o relato ganha ainda mais força nesta terça-feira (2), quando se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

Inaugurado em abril de 2023, o Centro TEA 12+ foi um dos primeiros do Brasil e o primeiro da Região Nordeste voltado especificamente para o acompanhamento de adolescentes e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Localizado na Rua Treze, bairro Cohab Anil I, em São Luís, o espaço oferece serviços multidisciplinares que estão transformando a vida de famílias maranhenses.

“Eu sou muito grata a existência desse Centro TEA 12+. Antes eu estava sem norte, sem saber para onde ir. Porque as dificuldades vão aumentando à medida que nossos filhos vão envelhecendo. Ele não é mais criança. Já é praticamente um homem. É desesperador você ver seu filho em crise dentro de casa e você não saber fazer nada para ajudar e nem ter para onde ir”, ressalta Maria Goreth Villanova para quem as terapias feitas pelo filho no Centro TEA 12+ devolveram a esperança.

Crescimento do paciente

Isaac Villanova faz acompanhamento no Centro TEA 12+ desde julho de 2023 e tem feito muitos progressos, conforme ele mesmo conta. “Eu aprendi matemática aqui melhor que na escola, que eu não aprendia muito bem. Não é que a escola seja ruim, mas antes eu tinha mais dificuldade”, diz.

O depoimento de Isaac Villanova, além de demonstrar a importância do acompanhamento adequado para o desenvolvimento em todas as fases da vida, também mostra o crescimento de um jovem que até pouco tempo atrás tinha dificuldades de interagir com outras pessoas.

“Eu gosto muito de conversar com a psicóloga. Eu peço conselhos para ela sobre coisas que talvez aprenderia sozinho, mas com muita dificuldade. Mas aqui eu aprendi de um jeito mais fácil, muito mais rápido, dessas coisas da vida. Por isso, eu gosto muito daqui. Eu gosto de fazer exercícios físicos aqui e de conversar com a psicóloga”, relata Isaac Villanova.

Modelo de atendimento

Todo o desenvolvimento que Isaac Villanova teve desde que passou a frequentar o Centro TEA 12+ é reflexo do comprometimento de toda a equipe e do modelo de atendimento implementado no espaço.

“A proposta interventiva, direcionada especificamente para o adolescente e para o adulto, a forma como foi pensado o serviço para contemplar não só o paciente, mas também a família, para garantir o desenvolvimento dele de uma maneira muito holística, muito completa, ajudando-o amplamente com todo tipo de modalidade e nível de intervenção é que garante o desenvolvimento dos nossos pacientes”, explica Izabella Trinta, diretora Geral do Centro TEA 12 +.

Izabella Trinta informa ainda que para além dos protocolos já estabelecidos para o atendimento de pacientes com TEA, cada um dos jovens e adolescentes que são acompanhados no centro recebem um serviço personalizado.

“A proposta é fazer com que o paciente seja acolhido dentro das suas demandas e necessidades muito específicas. Por mais que os profissionais aqui tenham o conhecimento necessário e experiência em cada uma das práticas, também levamos em consideração as demandas de cada paciente e de sua família para elaborar o plano terapêutico. Assim nossos pacientes vão se desenvolvendo melhor dentro dessas necessidades”, assinala Izabella Trinta.

Novas perspectivas para as famílias

É graças a todo esse cuidado que Alysson Ferreira Viana, 14 anos, também tem conseguido desenvolver suas habilidades. “Aqui o Alysson tem aprendido a lidar melhor com as interações dele com outras pessoas. Ele é muito falante, mas, às vezes, por causa do TEA, ele não sabe direito que hora falar, que hora calar e escutar o outro. Ele agora faz musicoterapia, que é uma coisa que ele ama, e que tem ajudado muito ele a melhorar”, relata a mãe do adolescente, Maria de Fátima Ferreira.

A família de Maria de Fátima Ferreira é mais uma para quem o Centro TEA 12+ trouxe novas perspectivas. “Graças a Deus a gente conseguiu este local. O autismo não acaba quando nosso filho faz 12 anos. Nessa fase elas precisam mais ainda de assistência, pois esse é um momento da vida que naturalmente surgem outras complicações”, desabafa.

Emocionada, ela fala sobre a evolução do filho desde o ano passado, quando ele começou o acompanhamento no espaço. “Por causa da musicoterapia, agora ele chega em casa e fica ouvindo piano pela internet. Ele já pediu, inclusive, para a gente comprar um teclado para ele e a gente vai trabalhar com esse objetivo. Ele tem melhorado, a gente vê isso na escola, na interação com as outras pessoas”, conta Maria de Fátima Ferreira, sem conseguir segurar as lágrimas.

Centro TEA 12+

O Centro TEA 12+ oferece atendimentos em neurologia, educação física, psicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, assistência social, fisioterapia, musicoterapia e arteterapia. Em um ano já foram realizados quase 14 mil atendimentos, entre consultas médicas e terapias.

O local recebe pacientes maiores de 12 anos que são encaminhados a partir de unidades da rede SUS após atendimento em unidades de saúde das redes estadual e municipal. Após a triagem o paciente é recepcionado na unidade, buscando a partir de diversas ferramentas a conquista de autonomia e desenvolvimento de capacidades.

O Centro TEA 12+ integra a rede de serviços da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e é gerenciado pela Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (Emserh).

Dia Mundial de Conscientização do Autismo

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, 2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2007. Essa data foi escolhida com o objetivo de levar informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A ONU também estabeleceu o Abril Azul como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo, assim como dar visibilidade ao TEA. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode estar presente desde o nascimento ou começo da infância. Caracteriza-se por prejuízos na comunicação, na interação social, além de um padrão rígido e repetitivo de comportamento. O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por equipe multiprofissional capacitada.

Fonte: SECOM

Vanessa Karinne Selares Ribeiro Ferreira