14 de julho de 2016

Planos de saúde vão cobrir exames para confirmação de zika vírus

Desde a quarta-feira (6), os planos de saúde ficam obrigados a oferecer cobertura para exames de diagnóstico do zika vírus aos beneficiários.

A medida faz parte de uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As empresas tiveram um mês para se adequar à norma. A sanção para quem descumprir a regra pode chegar a R$ 80 mil.

Obrigações

Agora, as operadoras terão de oferecer três tipos de exames que já eram feitos na rede pública de saúde: o PCR (Polymerase Chain Reaction), indicado para a detecção do vírus nos primeiros dias da doença; o teste sorológico IgM, que identifica anticorpos na corrente sanguínea; e o IgG para verificar se a pessoa já teve contato com zika em algum momento da vida.

Testes

A previsão é de que os resultados fiquem prontos em até uma semana. A princípio, terão direito à cobertura as mulheres grávidas com suspeita de infecção por zika, bebês de mulheres que foram infectadas e também recém-nascidos com malformação congênita, como microcefalia, associada ao vírus. São os obstetras, ginecologistas ou pediatras que acompanham esses pacientes que devem fazer o requerimento dos testes.

Os exames consistem na coleta de uma amostra de sangue do paciente para análise. Cada um deles acusa a presença do vírus em fases diferentes da infecção: o PCR é indicado para a detecção do vírus nos primeiros cinco dias da doença; o teste IgM identifica anticorpos na corrente sanguínea na fase aguda da doença; e o IgG é para verificar se a pessoa já teve contato com zika em algum momento da vida.

“Esses exames permitem o diagnóstico mais preciso em gestantes e bebês com microcefalia ou com alterações que podem indicar microcefalia. Se confirmada a infecção, todo o acompanhamento tem cobertura dos planos de saúde. A principal motivação [da medida] é melhorar a qualidade da assistência”, explica a diretora de normas e habilitação da ANS, Karla Coelho.

Esses exames passaram a fazer parte do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, já que a epidemia de zika foi considerada uma emergência em saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Outros procedimentos

A ANS já determinou que as operadoras forneçam cobertura do pré-natal com o obstetra e exames como a ultrassonografia. Para os bebês, também está prevista ultrassonografia transfontanela (exame que detecta se o bebê poderá ter alguma malformação), tomografia de crânio, exames de audição, neurológicos e de acuidade visual. Vários tratamentos para essas crianças também já possuem cobertura obrigatória, como a estimulação precoce de fisioterapia e consultas com terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.

Diagnóstico

Para o médico e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Pedro Tauil, a medida é importante para diferenciar a manifestação do zika de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue e febre chikungunya.

“Esse diagnóstico é muito necessário, pois o quadro clínico [do zika] é muito parecido com dengue e chikungunya. Quem tem os sintomas apresenta febre baixa, erupção cutânea, manchas vermelhas pelo corpo e algumas dores articulares”, destacou.

Se confirmado o diagnóstico, são tratados os sintomas. No caso de mulheres grávidas, o acompanhamento da gestação ocorre por meio de ecografias para verificar possíveis sequelas neurológicas aos bebês. Para os recém-nascidos, a recomendação é começar o processo de reabilitação o quanto antes.

 

Daucyana Castro