24 de setembro de 2020

Serviço de Nutrição complementa tratamento de pacientes com Covid-19 no Hospital de Cuidados Intensivos

Fotos: Ana Sheyla Fernandes

Por Daucyana Castro

A nutrição tem grande importância na recuperação dos pacientes com a Covid-19. O atendimento às necessidades do corpo, que combate a infecção respiratória ou está em recuperação, tem impacto direto no sucesso do tratamento. Exatamente por isso, o Hospital de Cuidados Intensivos (HCI), unidade que integra a rede estadual de saúde e é referência para atendimento a casos do novo coronavírus, se preocupa em desenvolver um trabalho eficaz na área da nutrição.

“É preciso analisar o quadro do paciente como um todo e traçar a melhor estratégia para cuidar desse paciente. Pode ser com uma suplementação via oral ou com uma terapia nutricional enteral para atingir o aporte calórico necessário. O paciente desnutrido tem maior chance de progredir desfavoravelmente no quadro de saúde, e isso faz toda diferença”, aponta a nutricionista do HCI, Patrícia Pereira Correia.

Segundo a especialista, pacientes hospitalizados tendem a desnutrir de forma mais rápida, o que reforça a necessidade de uma terapia nutricional nas primeiras 24h/48h de internação. 


“Nosso desafio maior é evitar a desnutrição desse paciente com a Covid-19. Os sintomas virais, geralmente, afetam o indivíduo no sabor, no cheiro, há diminuição do apetite, ele está mais fragilizado. Fora do ambiente de casa, consequentemente há uma diminuição do consumo alimentar. A própria Covid acomete a parte pulmonar, e o cansaço interfere no consumo alimentar. Pois até o hábito de mastigar deixa esse paciente mais cansado e ele consome menos alimentos”, explica.

Diante do contexto da pandemia de Covid-19, esse foi um grande desafio da nutrição: promover o suporte nutricional, que possa auxiliar na redução do risco de complicações da doença. São levados em consideração o risco nutricional, a via de alimentação mais adequada, o cálculo das necessidades energéticas, entre outras recomendações.

A nutrição dos pacientes pode ser via oral, quando a alimentação é preparada em cozinha e tem o objetivo de fornecer todos os nutrientes necessários; enteral, quando o paciente não consegue se alimentar por via oral e se alimenta por meio de uma sonda introduzida no estômago; ou parenteral, quando a alimentação é feita via sistema venoso.

Outro detalhe importante que requer um olhar mais apurado dos nutricionistas está relacionado aos sintomas típicos do novo coronavírus: a presença de alterações gastrointestinais. “Há uma característica muito presente nos pacientes com a doença, que são diarreias, náuseas e vômitos. Por isso, é preciso estar atento para agir e oferecer a este paciente a terapia nutricional da melhor forma possível”, relata Antônio Pedro Leite Lemos, também nutricionista do HCI.

Equipe de 10 nutricionistas atua na linha de frente do combate à Covid-19 no HCI

O HCI, unidade de saúde da Secretaria de Estado de Saúde e administrada pela Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH), conta com uma equipe de 10 nutricionistas atuando na linha de frente do combate à Covid-19. A rotina desses profissionais inclui protocolo para admissão e reavaliação diária da nutrição dos pacientes. Os resultados positivos comprovam o caminho certo.

“Temos uma ótima interação com todos os profissionais envolvidos no cuidado desses pacientes. A nutrição tem sido fundamental nesse processo. Os estudos mostram que uma nutrição adequada em pacientes com síndromes respiratórias conseguem, inclusive, reduzir o tempo de ventilação mecânica desse paciente, além de melhorar o aporte calórico”, diz Antônio Pedro Leite Lemos.

Daucyana Castro