25 de março de 2022

Governo implanta serviço de ambulatório para atendimento a pacientes travestis e transexuais

Fotos: Rogério Sousa

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), entregou, nesta sexta-feira (25), um serviço inédito na Rede Estadual de Saúde do Maranhão para atendimento a pacientes T (Travestis e Transexuais). Intitulado Ambulatório Sabrina Drumond, o serviço funcionará na Policlínica do Cohatrac. A modalidade ambulatorial é regulada pela Portaria Nº 2803, 19 de novembro de 2013, que redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). 

De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, esse é o primeiro serviço da modalidade para as pessoas T no Maranhão oferecido pela Rede Estadual de Saúde, o que vai permitir a transição segura para esses pacientes.  

“Durante muito tempo esse público esteve à margem de todos os serviços de saúde, e hoje, nós estamos proporcionando a eles essa mudança. Saímos de uma fase em que esse direito era negado e entramos em outra onde estamos trazendo eles para dentro do sistema de saúde, para que eles tenham acesso, como um verdadeiro direito fundamental, a uma transição segura”, assegurou o secretário Carlos Lula.  

O novo serviço foi recebido com muita alegria pela sociedade civil. “Hoje é um dia histórico e de muita gratidão, ainda mais porque traz um nome de uma ativista que tem muita relevância para o nosso movimento, Sabrina Drumond. O funcionamento desse ambulatório é de extrema relevância, pois a nossa população muitas vezes não busca recurso para determinados sintomas, por medo de como será acolhida naquele local”, afirmou Raissa Mendonça, do Instituto Raíssa Mendonça.  

A principal finalidade do ambulatório é receber este público, identificar suas demandas e garantir o acesso ao serviço com respeito a sua identidade de gênero, sempre utilizando o nome social, que deve constar nas etiquetas e na capa do prontuário. Os atendimentos são voltados para pacientes de 18 anos ou mais. 

“Esse ambulatório é a realização de um sonho, nós pensamos em fazer esse acolhimento para ajudar no passo a passo da transformação pela qual essas pessoas passam. Lembrando que 1% da população mundial é transgênero e eles são pouco assistidos, nós não vemos esses pacientes nos corredores dos hospitais porque eles se sentem marginalizados”, disse Keila Cruz, diretora clínica da Policlínica do Cohatrac.

No ambulatório, os pacientes serão assistidos, de acordo com suas demandas clínicas, por uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatra, endocrinologista, psicólogos, assistente social, enfermeiros e fonoaudiólogos. Conforme protocolo de atendimento e consentimento, o paciente poderá fazer o uso de hormônios que serão dispensados e acompanhados pela unidade. 

Para o recepcionista do novo ambulatório, que também é transexual, Tarso Daniel Borges de Sousa, essa iniciativa é muito importante para as pessoas trans. “Com o acompanhamento médico disciplinar, o paciente trans pode concluir seu processo de transição sem nenhum problema e de forma segura”, destacou Tarso Daniel.  

Os pacientes poderão agendar a avaliação com o clínico geral de forma presencial e pelos canais de atendimento do Estado: Disque Saúde, através do telefone 3190-909; App Procon; e unidades do Viva Procon.  

Sabrina Drumond
Ativista e militante do movimento LGBTI+ do Maranhão, foi uma das primeiras mulheres transexuais que levantou a bandeira do segmento Trans no estado, tornando visível a luta por garantias de direitos dessa população. Foi a fundadora da primeira instituição Trans do Maranhão a Associação de Travestis e Transexuais do Maranhão (ATRAMA). 

Em 2005, realizou o primeiro seminário específico para travestis e transexuais no estado onde foi discutida a luta pelo atendimento humanizado para pessoas trans na rede de saúde e o respeito pelas identidades trans no cartão do SUS, bem como o acolhimento do segmento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no ato da internação conforme a sua identidade de gênero. Sabrina foi precursora no combate ao HIV/AIDS entre as pessoas trans que por medo do preconceito e da discriminação nas UBS se omitiam em buscar tratamento.

FONTE: SES /MA

Daucyana Castro