11 de agosto de 2017

Governo discute política de saúde integral da população negra em escuta territorial

Governo realiza escutas territoriais por todo estado. As discussões com os municípios das regiões de Rosário e São Luís aconteceram nesta quinta-feira (10) e reuniu membros do poder público estadual e dos municípios e representantes da população negrA. Foto: Divulgação

Com o objetivo de sistematizar propostas para a construção da Política Estadual de Atenção Integral à Saúde da População Negra, o Governo do Estado realiza escutas territoriais por todo o Maranhão. As discussões com os municípios das regiões de Rosário e São Luís aconteceram nesta quinta-feira (10) e reuniu membros do poder público estadual e dos municípios e representantes da população negra, como povos de matriz africana e quilombolas.

O debate, que tem sido organizado pelo poder público estadual, envolve pastas como as secretarias estaduais de Saúde (SES), Igualdade Racial (Seir) e Mulher (Semu). A proposta das escutas é descentralizar as discussões e ampliar o debate sobre o tema, ouvindo os movimentos sociais e interessados em participar da construção dessa política. As discussões também já foram realizadas nas macrorregiões de Itapecuru, Pinheiro, Bacabal, Codó, Imperatriz, Balsas e Presidente Dutra.

A superintendente de Atenção Primária da SES, Silvia Viana, explicou o objetivo das discussões. “O debate realizado com a articulação de várias secretarias é uma estratégia do Governo do Estado para ouvir as necessidades e as propostas que os movimentos têm a apresentar e que servirão de base para a política. Algumas doenças como anemia falciforme e hipertensão arterial atingem especialmente a população negra, que também sofre com a discriminação, o racismo e a violação de seus direitos. Nossa proposta é elaborar a política levando em consideração princípios como igualdade e equidade”, afirmou.

Governo realiza escutas territoriais por todo estado. As discussões com os municípios das regiões de Rosário e São Luís aconteceram nesta quinta-feira (10) e reuniu membros do poder público estadual e dos municípios e representantes da população negrA. Foto: Divulgação

A secretária adjunta da Igualdade Racial, Socorro Guterres, explicou que a participação dos movimentos sociais é fundamental na construção dessa política. “Desde o início da gestão, o governo tem pautado a participação popular na discussão das políticas públicas. Não podemos construir essa política sem a participação efetiva da população negra. Por isso planejamos essas escutas qualificadas, dando voz aos movimentos sociais e às lideranças das comunidades tradicionais”, ressaltou.

A programação do encontro incluiu mesa sobre a memória da luta da Política Estadual de Saúde Integral da População Negra no Maranhão, além de debates em grupos de trabalhos orientados por eixos como acesso da população negra às redes de atenção à saúde; promoção e vigilância em saúde; educação permanente em saúde e produção do conhecimento em saúde da população negra; fortalecimento da participação e do controle social; e monitoramento e avaliação das ações de saúde para a população negra.

O quilombola, médico patologista e professor da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), Luiz Alves Ferreira, participou do encontro como membro da sociedade civil. “Estamos tentando construir democracia com democracia racial no Brasil, discutindo a desigualdade e os direitos dessa população que construiu esse país, mas é a população mais violentada no mundo. Existe uma política nacional aprovada em 2006 e, onze anos depois, estamos discutindo essa política em um estado onde 80,61% da população é negra. Desejamos a implantação dessa política pela garantia dos direitos da população negra de acesso à saúde”, disse.

As regionais de saúde de São Luís e Rosário incluem ainda os municípios de Alcântara, São José de Ribamar, Raposa, Paço do Lumiar, Axixá, Bacabeira, Barreirinhas, Cachoeira, Humberto de Campos, Icatu, Morros, Presidente Juscelino, Primeira Cruz, Rosário, Santa Rita e Santo Amaro. Além de lideranças ligadas ao movimento negro, quilombola e de matriz africana desses municípios, também participaram do encontro gestores e técnicos da área da saúde.

Representando a regional de saúde de Rosário, a chefe do setor de Educação em Saúde, Nilza Carla Santos, falou sobre a importância de contribuir com as discussões. “A gente sabe que o racismo ainda persiste na sociedade como um todo. Essas discussões são muito válidas para que as pessoas, especialmente os profissionais de saúde, entendam que o preconceito não tem porque existir e que a população negra tem suas peculiaridades. A partir desse entendimento, o objetivo é traçar ações para que eles se sintam acolhidos como todo usuário do Sistema Único de Saúde”, disse.

Governo realiza escutas territoriais por todo estado. As discussões com os municípios das regiões de Rosário e São Luís aconteceram nesta quinta-feira (10) e reuniu membros do poder público estadual e dos municípios e representantes da população negrA. Foto: Divulgação

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Daucyana Castro