2 de abril de 2018

Em um ano de funcionamento, Governo garantiu mais de 17 mil atendimentos no Serviço para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autista

Mais de 70 famílias são assistidas no Serviço para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autista. (Foto: Julyane Galvão)

Com um ano de funcionamento, o Serviço para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autista (TEA) realizou 17.707 atendimentos, desde sua inauguração em abril de 2017. O serviço implantado pelo Governo do Estado funciona no Centro Especializado em Reabilitação e Promoção da Saúde (CER), no Olho d’Água. Ao todo, são 72 famílias assistidas pelo único serviço de assistência ao TEA na rede pública do Maranhão.

“Em um ano avançamos no diagnóstico e tratamento do Transtorno do Espectro do Autista no Maranhão. O espaço público oferece uma abordagem diferenciada e com profissionais especializados”, defendeu o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula.

Clarissa Moreira Coelho Costa e mãe do casal Miguel Veiga, de cinco anos, e Maria Luiza, de sete anos, ambos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). As crianças também são assistidas há 12 meses na Casa de Apoio Ninar. Ela conta que o menino não falava, nem interagia, mas que os cuidados terapêuticos e emocionais recebidos o transformaram, a ponto de hoje poucas pessoas identificarem o transtorno.

“O meu pequeno, que até então não tinha completado 4 anos, pouco falava. Agora tem um vocabulário bastante amplo e já demonstra ter iniciado a alfabetização. Hoje ele já está começando a fazer a leitura – Os avanços dele são bem evidentes. Com o desempenho de todos do programa, o desenvolvimento é maravilhoso”, afirmou Clarissa Moreira.

A Maria Luiza, de 7 anos, também é assistida no serviço. Para Clarissa Moreira Coelho Costa, a filha evoluiu no tratamento. “A Maria Luiza tem uma personalidade mais forte, diferente do Miguel que é mais maleável. Ainda assim, ela teve muitos avanços também. Graças ao programa TEA nós passamos a enfrentar os comportamentos difíceis com mais direcionamento. A gente observa não só a diferença de quadro de diagnóstico de autismo, mas as diferenças da personalidade deles – Nós estávamos trabalhando para identificar e não acabar reduzindo eles ao diagnóstico”, explicou.

Para a psicóloga e coordenadora do projeto, Flávia Neves, a implantação do serviço foi um marco para a saúde pública do estado, principalmente por ser um trabalho pioneiro no Brasil em relação a esse atendimento a crianças com Transtorno do Espectro Autista. Com uma infraestrutura que permite a assistência a estes pacientes, o Serviço de Assistência ao TEA oferece atendimento diferenciado e de qualidade.

“A gente pode colocar como um marco histórico para a saúde pública do Maranhão a adoção desse projeto que é oferecer uma terapia intensiva e multidisciplinar, visando um atendimento individualizado e de qualidade ao paciente com TEA. Essa é uma grande conquista para o estado e vemos muitas perspectivas de crescimento e expansão desse serviço para outros municípios maranhenses”, afirmou.

As crianças com TEA recebem do Governo do Estado tratamento com equipe multidisciplinar composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos e educadores físicos. Os pacientes passam por intervenções diretas, indiretas e multiprofissionais com analista do comportamento fazendo a supervisão de programas.

Rede de cuidados

Mais de 70 famílias são assistidas no Serviço para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autista. (Foto: Julyane Galvão)

Antônio Pedro Lopes é pai do pequeno Pedro Otávio, de 6 anos. O diagnóstico de autismo do filho ocorreu aos três anos de idade. No início, o diagnóstico foi um choque para toda a família. A grande preocupação era sobre a autossuficiência do filho, realidade que mudou completamente, logo após o início do tratamento de Pedro Otávio no programa TEA há nove meses.

“No primeiro momento foi meio frustrante, mas depois a gente foi aceitando. Buscamos a melhor forma para lidar com a situação. A gente começou o tratamento na rede particular, mas chegou uma hora que não dava mais para seguir com o acompanhamento de fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais – O serviço era muito caro. Quando soubemos que o CER do Olho d’Água estava oferecendo esse serviço de graça foi a realização de um sonho”, disse Antônio Pedro Lopes.

Com o início do tratamento do Antônio Pedro Lopes, a família identificou resultados importantes no dia a dia da criança. “Antes do tratamento no TEA, o Pedro não interagia com ninguém. Agora ele está mais verbal e isso me deixa feliz demais e só tenho a agradecer o cuidado do governo do estado com as crianças que sofrem com o Transtorno do Espectro Autista no nosso estado”, explicou Pedro Lopes.

A diretora administrativa do CER Olho d’ Água, Eugênia Araújo, avalia que a integração entre pais e profissionais é imprescindível para o bom resultado e avanço dos pacientes durante o tratamento, por isso também, o Serviço para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autista agregou a supervisão em grupo para os pais, por meio de atendimento psicológico específico. É nesse momento que os pais apresentam o retorno sobre o comportamento dos filhos e recebem instruções da equipe multidisciplinar.

“Nós temos um atendimento diferenciado, onde o paciente é atendido de forma humanizada, respeitando a individualidade de cada um. Nossa preocupação é pensar de que forma este repertório aprendido no CER vai repercutir na qualidade de vida dele fora do ambiente institucional. Os pais também são parte importante do tratamento, pois nos trazem feedbacks positivos sobre a melhor adaptação das crianças em atividades do dia a dia, como no comportamento na escola e na aceitação de algumas regras de conduta”, destacou Eugênia Araújo.

Transtorno do Espectro Autista

Mais de 70 famílias são assistidas no Serviço para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autista. (Foto: Julyane Galvão)

O Transtorno do Espectro Autista representa um transtorno de desenvolvimento grave que prejudica a capacidade de comunicação e interação social da criança, além da ocorrência de comportamentos repetitivos.

Como os especialistas afirmam que não há um caso de autismo idêntico ao outro, a doença passou a ser considerada como espectro autista, dada a variação de grau de um paciente para outro, o tratamento adequado é resultado de uma série de intervenções multidisciplinares.

A psicóloga Jéssica da Silva afirma que é essencial proporcionar estímulos diferentes do que é familiar para a criança autista, além de desenvolver atividades que fujam da sequência habitual de tratamento. “Várias crianças que recebemos aqui não tem repertórios básicos (sentar, contato visual e interação) e um dos grandes objetivos do nosso projeto é exatamente esse: instalar comportamentos básicos nestas crianças que possam fazer com que elas possam seguir o fluxo natural do processo de desenvolvimento. O tratamento dá muito certo quando os pais estão envolvidos. É nessa hora que as crianças vão aprender a fazer tudo”, destaca.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o autismo atinge 70 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que dois milhões de pessoas foram diagnosticadas com TEA. Para atendimento no Serviço de Assistência à Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo, o paciente precisa ser encaminhado pelo SUS a partir de consulta com neurologista ou psiquiatra da rede.

Centro Especializado em Reabilitação

O Centro Especializado em Reabilitação (CER) no Olho d’ Água é referência estadual em atendimento de modalidades que trabalham a reabilitação física e intelectual. Com público diverso, diariamente são realizados procedimentos para crianças, adultos e idosos da capital e interior do estado. Dentre os serviços disponibilizados estão: assistência social, educação física, fisioterapia, fonoaudiologia, neuropediatria, psicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, hidroginástica, acupuntura, pilates e nutrição.

Fonte: Secretaria de Estado da Saúde (SES)

Daucyana Castro